Webinários discutem avaliações educacionais na rede estadual de ensino do Rio Grande do Sul
Foram dois webinários que reuniram docentes e especialistas da educação para falar sobre como aprimorar o resultado das avaliações escolares no dia a dia, beneficiando a aprendizagem dos alunos
Dados e evidências são essenciais para orientar a gestão escolar. Mas como utilizar essas informações de forma apropriada para condução da aprendizagem e contribuição para o desenvolvimento pedagógico? Esse foi o mote dos webinários “Avaliações Educacionais no RS”, promovidos pelo Instituto Unibanco em parceria com Secretaria da Educação do Rio Grande do Sul (Seduc-RS), em outubro, mês dos professores.
Direcionado especialmente aos supervisores(as) escolares e professores(as) de Língua Portuguesa das escolas parceiras do Programa Jovem de Futuro no estado, o evento foi aberto também para professores de outras áreas e contou com falas de especialistas em educação do Rio Grande do Sul, Ceará, de Minas Gerais e São Paulo, além da colaboração de Marcelo Jerônimo, subsecretário do Desenvolvimento da Educação da Seduc-RS. Os webinários ocorreram em duas quartas-feiras consecutivas, 02 e 09 de outubro.
Dados do SAERS para o avanço da educação
“Avaliações educacionais no RS: Como utilizar os dados do SAERS para o avanço da educação gaúcha?” foi o tema do primeiro encontro. O subsecretário do Desenvolvimento da Educação da Seduc-RS Marcelo Jerônimo falou sobre a importância em olhar para as avaliações de uma forma diferenciada e analítica, não como um fim, mas como um começo para melhorias na aprendizagem. O subsecretário destacou o Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Rio Grande do Sul (SAERS) como um ponto de partida. “Queremos que as avaliações sejam efetivamente um instrumento de orientação para a gestão escolar”, disse.
Em sua apresentação, João Marcelo Borges, gerente de pesquisa e inovação do Instituto Unibanco, explicou os tipos de avaliações úteis para o profissional de educação compreender o nível de aprendizagem dos estudantes: a avaliação diagnóstica, que serve para identificar os conhecimentos prévios dos alunos e quais pontos precisam ou podem ser melhorados; a avaliação formativa, que se baseia no que o estudante está aprendendo e seu progresso; e a avaliação somativa, que mede o desempenho do estudante no final do processo de aprendizagem.
Para ele, a relevância de cada tipo de avaliação varia segundo a intenção de uso. “As formativas, por exemplo, permitem as escolas fazer a melhoria na aprendizagem durante o processo educacional, enquanto as somativas são as que oportunizam às instituições um retorno do que foi aprendido durante o ano letivo”, afirmou.
Chico Soares, professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e especialista em avaliações educacionais, abordou a capacidade dos exames permitirem modular o curso da aprendizagem, de acordo com os resultados. “Deve ser central no processo pedagógico que as avaliações sejam elaboradas com foco na aprendizagem e não apenas no resultado final”, explicou.
Ação pedagógica das avaliações diagnósticas
O segundo webinário, “Avaliações Educacionais: Como agir pedagogicamente a partir das avaliações diagnósticas?”, foi iniciado pelo subsecretário do Desenvolvimento da Educação da Seduc-RS Marcelo Jerônimo. Ele destacou as ações da Seduc-RS em relação ao tema e construiu uma analogia entre o ato de cozinhar e de lecionar. “Na hora de preparar a comida, é preciso experimentar para sentir o sabor e ter uma ação imediata para finalizar o prato. Pois é o que se espera com as avaliações diagnósticas de início e meio, que elas mostrem quais ações precisam ser realizadas.”, comparou.
Ricardo Madeira, professor de economia da Universidade de São Paulo (USP) e gerente de Desenvolvimento da Gestão em Educação do Instituto Unibanco, seguiu a conversa, ressaltando a importância dos objetivos coletivos comuns, organizados com métricas que permitem avaliar os objetivos, como por exemplo se os alunos atingem as metas definidas, reforçando a dinâmica do Circuito de Gestão (Cdg) do programa Jovem de Futuro. “Gestão pedagógica é isso: objetivos comuns, diagnóstico das necessidades, monitoramento e acompanhamento para avaliar se o plano coletivo está atingindo os objetivos e identificar as correções de rota que precisam ser feitas”, defendeu.
Na definição dessas práticas, Madeira ressaltou dois aspectos primordiais, a clareza sobre o currículo (o que se espera do aluno no período da ação) e as ações pedagógicas disponíveis para promover o desafio de aprendizagem. Por fim, evidenciou que a implicação dos alunos é essencial e que eles precisam entender todo o processo, participando de discussões sobre os resultados das avaliações, numa perspectiva formativa, de corresponsabilização.
Na fala de Jorge Lira, especialista em projetos de avaliação, uma apresentação de slides (disponível no mesmo link que as transmissões gravadas) foi o guia. O professor mostrou, passo a passo, como o uso pedagógico de avaliações diagnóstico-formativas podem se tornar eficientes no processo de melhoria da aprendizagem, sempre que houver o apoio de recursos adequados e profissionais habilitados.
Usando como exemplo o aprendizado de frações em matemática, Lira reforçou a necessidade de interpretação da métrica comum, a partir de um modelo cognitivo, e que os professores, com esse resultado, encontrariam o caminho para trabalhar a defasagem dos alunos. “As conexões entre os conhecimentos de todo o currículo, que se relacionam ao longo dos anos, não são respeitadas. É preciso identificar onde ocorreram as fragilidades e resolver esses nós entre conhecimentos, seja em que área for”, declarou.
O especialista também ressaltou que é necessário identificar nos alunos em descompasso quais os conhecimentos prévios que não foram absorvidos e trabalhar com esse grupo a reposição. Para finalizar, garantiu que as ações se dão a partir do desenho inicial e interpretação dos resultados das avaliações, mas o ponto de chegada é equânime para todos os alunos.
No Ceará, contou, a inteligência artificial tem sido usada para interpretar padrões de respostas e facilitar a análise dos resultados das avaliações. O professor sugeriu a quem queira se aprofundar a consulta ao material que está disponível no site do Observatório da Educação do Instituto Unibanco, uma entrevista sobre o modelo de avaliação para aprendizagem em matemática.
Confira o material apresentado nos webinários e suas gravações nas pastas Webinarios Avaliações Educacionais 2024 do Google Drive.