Webinário debate a perda de aprendizagem na pandemia
Instituto Unibanco reuniu especialistas em Educação para discutir a perda da aprendizagem entre estudantes do Ensino Médio em 2020 em evento de lançamento do estudo Perda de aprendizagem na pandemia para a sociedade
No dia 2 de junho, o Instituto Unibanco realizou o webinário Perda de aprendizagem na pandemia, que contou com o lançamento do estudo de mesmo nome, fruto de uma parceria entre Instituto Unibanco e Insper. Ao vivo e com tradução em libras, o evento teve abertura de Ricardo Henriques, superintendente-executivo do Instituto Unibanco; apresentação do economista Ricardo Paes de Barros, líder do estudo e professor do Insper; e comentários de Alexandre Schneider, Presidente do Instituto Singularidades; Lina Kátia de Oliveira, do Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação (Caed); e Vitor de Angelo, secretário de Educação do Espírito Santo (ES) e presidente do Consed. A mediação foi de Paula Penko, coordenadora de Avaliação do Instituto Unibanco.
Iniciando o debate, Paula apresentou o encontro que teve como objetivo discutir os resultados encontrados no estudo que estimou a perda de aprendizagem da pandemia nos alunos do ensino médio no Brasil.
“A gente espera que seja um momento de reflexão e mobilização para justamente enfrentar os desafios impostos para a educação brasileira”, afirmou, chamando os convidados para o debate.
Em seguida, Ricardo Henriques, falou sobre a importância da pesquisa para o a mitigação dos efeitos causados pela pandemia no aprendizado de uma geração inteira de estudantes, principalmente daqueles que estão em vias de concluir o Ensino Médio e sofrerão mais profundamente os impactos, com um recorte especial para os jovens que estão em situação de vulnerabilidade social.
“Nós precisamos revelar o tamanho desse problema, que é enorme, e esperamos que a análise que se desdobra disso nos permita formar expectativas realistas e adequadas sobre o desafio que a gente tem pela frente e a capacidade real de reverter esse quadro” afirmou.
Confira a carta de posicionamento do Instituto Unibanco sobre o estudo.
Ao apresentar o estudo, Paes de Barros, destacou que as perdas de aprendizagem dos estudantes são imensas e desiguais, ou seja, atingem de forma diferente as diversas camadas sociais em que os estudantes brasileiros estão inseridos. Além disso, ele também apontou uma perda na proficiência em Língua Portuguesa e Matemática de 9 a 10 pontos abaixo do esperado, caso os estudantes estivessem no ensino regular. O material apontou que essa perda pode chegar a 16 a 20 pontos ao final de 2021, o que significaria um prejuízo para o país, somando os dois anos juntos, de 1,25 trilhão de reais. Para Paes de Barros, no entanto, as perdas podem ser mitigadas com um conjunto de ações amplo.
“Nós podemos reduzir a perda entre 35 e 40% se dobrarmos o engajamento, aumentarmos em 50% a eficácia do ensino remoto e do híbrido e se fizermos uma transição, o mais rápido que a Saúde permitir, para o híbrido”, afirmou.
Alexandre Schneider, por sua vez, abordou a necessidade de não desistir das crianças e jovens que estão passando por essas perdas, muitas vezes não só educacionais, como emocionais. Ele também enfatizou que a recuperação irá depender de mais do que políticas exclusivamente educacionais.
“Cabe aos Governos Municipais, Estaduais e Federal olhar para essas crianças e jovens, especialmente os mais vulneráveis, de forma completa. Quer dizer, como é que a gente pode garantir a elas a tranquilidade para poder estudar? Porque estamos em um momento em que o melhor que pode acontecer é, até o fim do ano, a gente ter um rodízio em muitas regiões do país. Nós não vamos ter a situação do ensino presencial para todos. E para construir esse processo de engajamento, existem uma série de políticas que não são educacionais e que precisam ser endereçadas”, ressaltou.
Lina Kátia, aproveitou sua fala para trazer informações de uma pesquisa realizada pelo Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação (Caed) com cerca de 7 mil alunos do Ensino Médio com uma avaliação nas mesmas condições do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Segundo a especialista, os resultados estão altamente correlacionados com a pesquisa feita pelo Instituto Unibanco em parceria com o Insper. Por exemplo, ela apontou que a média dos alunos do terceiro ano do Ensino Médio no Saeb em Língua Portuguesa no ano de 2019 era de 279 pontos. Já na pesquisa feita pelo Caed, a média foi de 268 pontos. Ou seja, uma perda de 10,9 pontos.
“Então tem um desenvolvimento cognitivo que está realmente comprometido há anos e agora ficou mais forte e mais evidente”, afirmou.
Encerrando o debate, Vitor de Angelo relembrou que no começo da pandemia, o foco era em manter o vínculo dos alunos para mitigar a evasão escolar. No entanto, ele aponta que, nesse momento, com o prolongamento da pandemia, deve ser pensado com urgência na questão da aprendizagem e o estudo evidencia isto. Para ele, o material aponta caminhos realistas para a recuperação.
“Acredito que a retomada das aulas presenciais no formato híbrido precisa ser colocada como algo cauteloso e responsável, mas prioritário”, finalizou.
O estudo Perda de Aprendizagem na Pandemia teve larga repercussão na imprensa de todo o país, sendo destaque em veículos como O Estado de S. Paulo, O Globo e Folha de S. Paulo, que reforçaram a necessidade de esforços imediatos para mitigação dessa perda.
Confira o estudo na íntegra aqui.
Assista à íntegra do webinário Perda de aprendizagem na pandemia:
No dia 9 de junho, às 16h, o próximo encontro discutirá a Políticas Públicas para Formação de Gestores Escolares e contará com o lançamento do estudo de mesmo nome, fruto de uma parceria entre Instituto Unibanco e D3e. Com abertura de Mirela de Carvalho, gerente de Gestão do Conhecimento do Instituto Unibanco e Antonio Bresolin, diretor executivo do D3e, o encontro terá a apresentação do estudo por Lara Simielli, professora da FGV/EAESP. Além disso, o evento conta com a presença de Ana Cristina Oliveira, professora da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO); Anna Penido, especialista em educação; e Julia Sant’Anna, secretaria de Educação de Minas Gerais. A mediação será de Paula Penko, coordenadora do Conhecimento do Instituto Unibanco. Com tradução em libras, o encontro será transmitido ao vivo pelo canal do Instituto no YouTube.