Webinário debate a finalidade das avaliações da educação
Evento realizado pelo Instituto Unibanco e pelo Conselho Nacional de Educação reúniu especialistas para discutir os avanços necessários no uso pedagógico das avaliações educacionais
No dia 30 de junho, foi realizado o webinário Qual uso devemos fazer das avaliações?, terceiro da série “Presente e Futuro das Avaliações Educacionais no Brasil”, promovido pelo Instituto Unibanco em parceria com o Conselho Nacional de Educação (CNE). Para discutir o sistema de avaliação da educação básica e os avanços necessários no uso pedagógico desses instrumentos para diagnóstico e melhoria do ensino, o encontro contou com abertura de Ricardo Henriques, superintendente-executivo do Instituto Unibanco; e a participação de Jorge Lira, professor titular e pró-reitor de pesquisa e pós-graduação da Universidade Federal do Ceará (UFCE); Lina Katia, Coordenadora do Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação (Caed); Fred Amâncio, secretário de Educação do Recife (PE); e Katia Stocco Smole, diretora executiva do Instituto Reúna e conselheira do Conselho Estadual de Educação de São Paulo (Consed-SP). Com mediação de Mirela de Carvalho, gerente de Gestão do Conhecimento do Instituto Unibanco, o evento foi transmitido ao vivo com tradução em libras no canal do Instituto no Youtube.
Ricardo Henriques iniciou a conversa destacando a importância de discutir estratégias e soluções emergenciais, de médio e de longo prazo, além da recuperação da aprendizagem dos estudantes em um contexto de pademia, sem perder de vista o avanço nas agendas estruturais do Brasil como um todo.
“Agora estamos pensando como avançar nessa evolução de um sistema robusto de avaliação de educação básica sabendo que a gente ainda tem muito o que trilhar”, afirmou.
Em seguida, Jorge Lira falou sobre as avaliações somativas que permitem definir, acompanhar e aprimorar políticas públicas em estados como o Ceará, onde atua como Professor. Segundo o especialista, para pensar na elaboração das questões de exames da educação básica, é necessário entender quais fundamentos cognitivos lógicos de conhecimento estão na base desses conhecimentos; se há relações entre essas habilidades; quais conhecimentos significativos são realmente acessados; e quais evidências estão sendo geradas sobre a real cognição dos alunos. Sobre o futuro das avaliações, ele cita alguns caminhos possíveis:
“é necessário termos devolutivas instantâneas, localizáveis, ou seja, que possam ser levadas para a escola, para a turma e para o indivíduo; que sejam visíveis, e claros, os objetivos da avaliação e o feedback; e, mais do que isso, que as devolutivas sejam transmitidas em termos pedagógicos e curriculares aos professores”, disse.
Confira aqui a apresentação do professor.
Para Lina Katia, existem cinco desafios da avaliação somativa em larga escala: a definição dos anos escolares; a definição das áreas do conhecimento avaliadas; a definição do propósito do teste e dos questionários contextuais; definição do perfil do teste e da modalidade de aplicação; e a construção e interpretação da escala de proficiência. Em sua apresentação, a especialista trouxe também algumas propostas de mudanças, como o acréscimo do 7º ano do Ensino Fundamental entre os anos escolares avaliados; a inclusão de outras áreas do conhecimento como Ciências Humanas e da Natureza; e a inclusão de itens de resposta aberta, entre outras.
“A avaliação precisa ter uma matriz que saia do aspecto conteudista para evitarmos retrocessos. O currículo e a BNCC não podem ficar de lado. Então nós temos que ir a frente, pensar no propósito do teste e em uma apresentação de uma matriz que favoreça os processos cognitivo e não o conteúdo em si“, destacou.
Katia Stocco, por sua vez, relembrou o principal fundamento das avaliações, que é fazer com que os alunos aprendam e melhorar a qualidade do ensino e da aprendizagem. Para ela, se a sala de aula não refletir profundamente os resultados que a avaliação sinaliza, então a avaliação não terá cumprido seu papel na educação.
“Se uma das finalidades da avaliação é garantir que os alunos aprendam o que é certo na idade certa, porque existe um currículo e uma avaliação alinhada a esse currículo, e essa avaliação sinaliza aquilo que está dando certo e o que precisa ser revisto, é necessário ajudar o educador e a escola a olharem a si mesmos e aos seus processos, dentro de seus contextos. Porque o futuro da avaliação é, de fato, permitir um perfeito alinhamento entre o caminho do ensino e da aprendizagem”, afirmou.
Encerrando o debate, Fred Amâncio destacou que é possível ter avaliações com um olhar diferenciado para as escolas e redes estaduais e municipais como um todo e trazer informações e subsídios importantes para o dia a dia e para a construção de um uso pedagógico das avaliações, e não apenas para a definição das grandes políticas públicas.
“Neste nosso contexto de pandemia, tem um tipo de avaliação pensada em larga escola, mas que chega no dia a dia das escolas e que pode cumprir um papel muito importante no país como um todo, que é a avaliação diagnóstica. Ela é essencial para a gente entender como é que está a aprendizagem, principalmente para verificar a diversidade de aprendizagem porque a gente sabe que terá aumentado bastante as desigualdades, não apenas entre público e privado, mas dentro da própria escola, porque os acessos à aprendizagem são diferentes”, concluiu.
Para assistir à gravação do webinário Qual uso devemos fazer das avaliações? acesse:
No dia 7 de julho, às 16h, o encontro “Formas inovadoras de avaliar” discutirá as inovações propostas no campo da avaliação educacional. Para debater o assunto, o webinário terá como convidados Ruth Arce, da Universidade Diego Portales (UDP); Barbara Born, da Stanford University; Chico Soares, Professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); e Cesar Nunes, gerente de Inovação em Educação do Instituto Unibanco. Com tradução em libras, o encontro será mediado por Mozart Ramos, do Conselho Nacional de Educação, e transmitido ao vivo pelo canal do Instituto no YouTube.