Webinário traz propostas para melhorar a seleção de diretores escolares e alavancar a educação no país
Evento foi palco do lançamento de estudo elaborado pelo Instituto Unibanco em parceria com a Universidade Diego Portales, do Chile, sobre a situação dos processos de recrutamento e seleção de gestores escolares no Brasil frente à experiência de outros países
No dia 1º de dezembro, o Instituto Unibanco realizou o webinário Seleção de diretores escolares: desafios e possibilidades. O encontro contou com o lançamento do estudo “Seleção de Diretores Escolares no Brasil: Desafios e Possibilidades”, volume 2 da Coleção Políticas Públicas em Educação, resultado de uma parceria com a Universidade Diego Portales (UDP), do Chile. Na pauta, dados e experiências que apontam para a importância do fortalecimento de processos de recrutamento e seleção de diretores escolares na profissionalização e na especialização das atividades de gestão educacional para a melhoria do sistema educacional brasileiro.
O debate contou com abertura de Ricardo Henriques, superintendente-executivo do Instituto Unibanco, e participações de Gonzalo Muñoz, pesquisador adjunto da Faculdade de Educação e do Programa de Liderança Educacional da UDP; Cynthia Paes de Carvalho, coordenadora da Pós-Graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ); e Elizabete Araújo, assessora especial da Secretaria da Educação do Estado do Ceará (Seduc-CE). A mediação foi de Raquel Souza Santos, responsável pela Coordenação de Monitoramento e Avaliação do Instituto Unibanco.
Segundo Ricardo Henriques, há evidências que relacionam a capacidade de gestão e liderança com a qualidade das escolas, e não é razoável supor que bons gestores surjam espontaneamente, sem investimentos que abarquem os processos de seleção, a formação, a valorização e o fortalecimento de carreira dos diretores de escola.
“Esses profissionais que ocupam a posição de diretores de escolas vêm por caminhos diferentes, em alguns locais por política, em outros, existe experiência de eleição direta, e em outros há processos seletivos amparados em uma avaliação de competências”, afirmou.
Para ele, é importante promover essa reflexão, “sabendo da importância da gestão de liderança para o funcionamento da escola, para a mobilização da comunidade escolar e, sobretudo, para a permanência dos estudantes e para a qualidade do processo de ensino aprendizagem voltado para os estudantes”.
Raquel, por sua vez, afirmou que o evento e o estudo possuem objetivo de “subsidiar a reflexão e a ação de educadores, de gestores, de técnicos que atuam em diferentes instâncias responsáveis pela implementação de políticas públicas”. Ela destacou como desafiadora a tarefa de fazer da melhor forma possível a política pública para a educação, comprometida com o aprendizado e com o desenvolvimento integral dos estudantes. Neste sentido, afirmou que pessoas no mundo buscam entender como se processa essa relação entre gestão e melhoria contínua da educação.
Coube à professora Elizabete falar da experiência do Ceará, que vem ajustando seu método de seleção de gestores há mais de 30 anos. O último processo de seleção, realizado em 2017, incluiu uma etapa de curso online e certificação para reconhecimento dos diretores aprovados anteriormente. Para os novos candidatos a gestores, houve prova escrita e análise de títulos. Quem passou por essa etapa, ingressou no Banco de Gestores Escolares e depois submeteu-se ao processo de eleição pela comunidade escolar, “que é uma aula, uma lição de protagonismo dentro das nossas escolas”, segundo Elizabete. O estado tem ainda processos adaptados para escolas indígenas, quilombolas, Educação do Campo, Escolas Família Agrícola (EFAs) e educação profissional.
A professora destacou que, mesmo com um processo tão avançado, há aprimoramentos importantes a serem realizados no Ceará. Como exemplos, citou o aprimoramento da avaliação de desempenho dos gestores; a conclusão da Matriz de Competências para Diretores Escolares, iniciada em 2019; a manutenção da isonomia de interferências políticas no processo; e a implementação do laboratório de boas práticas na rede estadual de educação.
Em seguida, Gonzalo Muñoz, da UDP, afirmou que é preciso entender que as funções exercidas pelos gestores requerem trajetórias com diferentes etapas de processo formativo e desenvolvimento para fortalecer a liderança e potencializar o trabalho dos diretores escolares e de suas equipes. O pesquisador afirma que muitos países perceberam o valor de considerar essas trajetórias e que os resultados positivos mostram a importância da profissionalização da função diretiva.
“Isso implica entender que há certas condições para que essa função seja exercida da melhor maneira possível, com o objetivo de melhorar a qualidade da educação. E isso precisa ser feito de forma rigorosa, de forma profissional”.
Já a pesquisadora Cynthia Paes de Carvalho destacou a importância de os diretores terem foco no pedagógico e as dificuldades impostas pela sobrecarga de trabalho: “Enquanto exerce a direção da escola, o diretor fica um pouco afastado das práticas cotidianas de sala de aula, devido a uma avalanche administrativa absurda”. Ela também reforçou a necessidade de se conhecer a curva de aprendizagem dos profissionais para a função de gestão, sempre com foco no aluno:
“Muitas vezes, eu vou inventar coisas que não existiam antes, um outro parâmetro, para resolver os problemas, porque o foco, que é o estudante, não mudou”.
O webinário completo pode ser conferido no canal do YouTube do Instituto Unibanco, neste link:
Já o estudo na íntegra está disponível no Observatório de Educação – Ensino Médio e Gestão, e pode ser acessado neste link: https://bit.ly/3lps3td.
Teoria da Mudança na Educação: A Experiência do Jovem de Futuro
O próximo webinário do Instituto Unibanco, no dia 8 de dezembro, terá como tema “Teoria da Mudança na Educação: A Experiência do Jovem de Futuro”. Com transmissão ao vivo pelo canal do Instituto no YouTube, às 16h, o encontro marca o lançamento do livro “Gestão e avanço contínuo em educação – A teoria da mudança no programa Jovem de Futuro”, terceiro volume da coleção sobre o programa.
O evento terá abertura de Ricardo Henriques, superintendente-executivo do Instituto Unibanco, e apresentação de Mirela de Carvalho, gerente de Gestão do Conhecimento na instituição. Participarão do debate Binho Marques, consultor em gestão pública pela Todo Mundo e Cada Um (TMC1), e Sergio Lazzarini, professor do Insper. A mediação será feita pelo jornalista Antônio Gois.