Como as redes vêm organizando o ensino remoto durante a pandemia
A rede estadual do Rio Grande do Norte é apontada como referência, pelo Cieb, no uso de plataformas on-line. Chamado de Escola Digital, o ambiente virtual de aprendizagem da rede potiguar passou a viabilizar videoconferências entre os professores e suas turmas, com comunicação por áudio e vídeo em tempo real. Os professores podem também repassar atividades, textos e vídeos para os estudantes.
Um passo a passo disponibilizado pela Secretaria da Educação, da Cultura, do Esporte e do Lazer do RN orienta alunos e professores a acessar o sistema de aulas virtuais (webconferência). A secretaria aposta também na oferta de conteúdos e exercícios on-line por meio de parceria com um portal educacional. “O fortalecimento das ferramentas digitais é um caminho certo”, diz o secretário de Educação, Getúlio Marques. “Na crise, temos que enxergar oportunidades. O momento exige que todas as expertises sejam utilizadas.”
No Amazonas, a saída foi a criação de quatro canais educacionais na TV aberta, pela emissora pública do governo estadual, a TV Encontro das Águas. O secretário adjunto Pedagógico da Secretaria de Educação do Amazonas, Raimundo Barradas, conta que foi preciso comprar equipamentos às pressas, em São Paulo, e transportá-los em um avião do governo amazonense.
A escolha de veicular aulas pela TV, segundo Barradas, teve o objetivo de atingir um número maior de estudantes, já que a televisão alcança mais domicílios do que a internet no estado. “A grande preocupação nossa é produzir a equidade ou o contrário disso: não aumentar a desigualdade educacional que já existe, infelizmente, nas nossas cidades, no nosso país”, pondera o secretário adjunto.
A programação nos quatro novos canais foi dividida por faixa etária, sendo um deles dirigido exclusivamente ao Ensino Médio e à educação de jovens e adultos (EJA) e outro, em parceria com a prefeitura de Manaus, aos Anos Iniciais do Ensino Fundamental da rede municipal. As videoaulas podem ser vistas também em redes sociais e no ambiente virtual de aprendizagem já utilizado antes da pandemia.
Há mais de uma década, a rede estadual produz conteúdo para educação a distância por meio do Centro de Mídias de Educação do Amazonas, com foco no Ensino Médio e em localidades isoladas. Barradas observa, contudo, que o estado foi pego de surpresa pela pandemia e que a orientação para as escolas é que façam valer a sua autonomia, com soluções criativas para atingir o alunado. Por meio de um aplicativo, a secretaria mobilizou 120 professores para tirar dúvidas dos estudantes.
Barradas diz que há escolas cujos diretores definiram horários para os pais de alunos buscarem material didático impresso. “Pode ser uma coisa muito simples, que dê continuidade ao trabalho da educação”, afirma o secretário adjunto. “Nunca a gente precisou tanto dos bons gestores escolares como agora. O bom gestor consegue estratégias incríveis, variadas.”
Veja o depoimento de Raimundo Barradas, secretário adjunto Pedagógico.
Apesar do esforço, porém, o ensino remoto via TV e internet atinge cerca de 220 mil dos 460 mil estudantes da rede estadual do Amazonas, estima o secretário adjunto. Ou seja, menos da metade. Tão logo as aulas presenciais forem retomadas, a ideia é realizar uma avaliação diagnóstica seguida de um plano de recuperação para os alunos que não atingirem níveis adequados de aprendizagem.
Em Goiás, a rede estadual é apontada pelo Cieb como referência no uso de ferramentas digitais para envio de conteúdos on-line. Nessa estratégia, os estudantes acessam conteúdos variados, como textos em PDF, jogos eletrônicos e vídeos que podem ser baixados em computadores, tablets ou celulares (smartphones). Uma das vantagens, conforme o Cieb, é que o estudante define a hora em que vai estudar, além de avançar conforme o próprio ritmo.
A rede goiana tem 210 tutores que diariamente entram em contato com as escolas. O objetivo é saber quantos alunos estão sendo atingidos pelas atividades remotas e quais as turmas que enfrentam mais dificuldades. “Identificamos, de largada, que são os nossos pequenininhos: o Ensino Fundamental é mais difícil, e a gente sabe também que, para as famílias, é mais complicado ajudar na alfabetização”, diz a superintendente de Organização e Atendimento Educacional da Secretaria da Educação de Goiás, Patrícia Coutinho.
Ela relata que a situação é bem diferente nas turmas com adolescentes, uma vez que os estudantes estão mais familiarizados com as tecnologias digitais nessa faixa etária. “A maioria tem tirado de letra”, afirma Patrícia.
A rede de Goiás adota estratégias variadas. Uma delas é o uso de material didático impresso, que pode ser buscado nas escolas ou levado à residência das famílias, inclusive com apoio da Polícia Militar e dos bombeiros, relata a superintendente. Ela diz que pelo menos 87% das escolas já realizam aulas não presenciais.