Crise demanda apoio emocional dos gestores aos professores
Pesquisa do Instituto Península realizada com 7.734 mil professores de todo o país entre os dias 13 de abril e 14 de maio de 2020 constatou que quase metade dos docentes (48,8%) se declarou muito ou totalmente preocupado(a) com a sua saúde mental. Dois em cada três (67%) afirmaram estarem se sentido “ansiosos”, 35%, “sobrecarregados” e 27%, “frustrados”.
Frente a esse quadro, a preocupação com a saúde mental dos docentes se sobressai como um dos pontos de atenção para os gestores. Além do estresse, da preocupação e da angústia gerados pela pandemia e pelo isolamento social a que todos fomos submetidos, os professores se viram obrigados a subitamente adequar suas práticas pedagógicas para o ensino remoto.
A especialista em educação integral do Instituto Ayrton Senna, Gisele Alves, destaca que o momento atual demanda fortemente dos diretores o exercício de suas competências na gestão de pessoas. Para orientá-los, ela recomenda que eles sigam as diretrizes de recuperação psicológica em situações de estresse (como desastres) reconhecidas internacionalmente, cujos principais eixos se relacionam: à segurança das pessoas, à esperança que elas podem ter no futuro, à calma para passar por esse momento de dificuldade, à conexão e à autoeficácia ou eficácia comunitária.
“É importante que ele [o gestor] conheça as pessoas com quem trabalha e reconheça as condições e os desafios que cada um está enfrentando. Sabendo isso, saberá inclusive como proporcionar situações de segurança e de esperança maior para esses profissionais, passando diretrizes muito claras para equipe”, afirma.
“Para isso, ele também precisa garantir uma regularidade no acompanhamento desses professores, com reuniões semanais, inclusive, e canais de diálogo, prevendo momentos de acolhimento e escuta ativa e para troca de experiências. Isso vai garantir também a conexão e a ideia de que você consegue fazer e controlar ações para atingir determinados objetivos. E aumentar a sua percepção de conexão e de autoeficácia, isto é, do quanto você se sente capaz de, de fato, trabalhar com a situação”, complementa.
Parte de um grupo
O estímulo à troca e ao compartilhamento de experiências tem sido uma recomendação comum entre especialistas e também presente nos relatórios de organismos internacionais em relação a ações voltadas ao equilíbrio emocional dos professores nesse contexto da pandemia de Covid-19.
A Unesco, por exemplo, indica a:
“criação de comunidades de professores, pais e diretores para trabalhar sentimentos de solidão ou desamparo, facilitar o compartilhamento de experiências e discutir estratégias de enfrentamento perante dificuldades de aprendizagem”.